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Apontamentos sobre a noção de pessoa na antropologia social britânica e francesa

Publié le 11/02/2022

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« Apontamentos sobre a noção de pessoa na antropologia social britânica e francesa Desde o texto fundador de Marcel Mauss (1872-1950) que evidenciou as enormes variações de sociedade para sociedade na definição da noção de pessoa, tal “categoria do espírito humano” (MAUSS, 2003 [1938]),não só chamou a atenção de antropólogos de várias áreas dessa disciplina, como também fomentou grandes discussões e ricas descrições etnográficas, tornando sua análise e comparação uma das princiapais e mais fecundas categoria conceitual para o pensamento antropológico. Mormente o ensaio de Mauss tenha se amparado numa perspectiva evolucionista de agregação progressiva dos componentes da pessoa moderna, seu texto serviu de inspiração para gerações de antropólogos, os quais exploraram conceitos de pessoa no contexto de um extenso trabalho de campo em culturas específicas, revelando que a visão ocidental de pessoa é algo extremamente particular e histórico. Tal debate também trouxe à tona diferenças e assimetrias, bem como aproximações teóricas importantes no interior da antropologia.

Recordemos, nesse aspecto, ao modo pelo qual a questão foi desenvolvida pela tradição antropológica britânica e francesa, através de dois de seus representantes: Radcliffe-Brown ((18811955)) e Maurice Leenhardt (1878 – 1954). Radcliffe-Brown (1973), expoente da tradição britânica, de um modo bem demarcado, distingue a forma mais simples de oposição entre as categorias “pessoa” e “indivíduo”, assentando-se, notadamente, numa diferenciação entre os aspectos biológicos e social da existência humana: Todo ser humano que viva numa sociedade é duas coisas: indivíduo e pessoa. Como indivíduo, é um organismo biológico, aglomerado de imenso número de moléculas organizadas numa estrutura complexa, dentro da qual, durante o tempo que persista, ocorrem ações e reações fisiológicas e psicológicas, processos e transformações.

Os seres humanos como indivíduos são objeto de estudo dos fisiológicos e psicólogos.

O ser humano como pessoa é um complexo de relacionamentos sociais.

(RADICLIFFE- BROWN, 1973, p.238-239). Nessa perspectiva, o indivíduo, objeto de estudo de biólogos e psicólogos, apresenta-se como uma instância concreta, um ponto fixo, à imposição do estatuto social, das variações de papeis que assume em cada sociedade; ao passo que a pessoa se constitui através da rede de relações ocupadas por esse indivíduo na estrutura social. Logo, para o autor, “pessoa” e estrutura social estão mutualmente implicadas: “Não 1. »

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